Há quem diga que filme de animação/desenho é para criança. Porém, a maioria das animações que foram exibidas nos cinemas na última década, de criança não tem nada.
Divertidamente, UP! Altas Aventuras, Frozen, Detona Ralph e muitas outras animações têm mensagens belíssimas que a maioria das crianças não consegue captar. Porém, hoje eu vou falar sobre o filme TROLLS.
ATENÇÃO: CONTÊM SPOILERS!
No filme a gente vê que Trolls são seres felizes, coloridos e fofos que gostam basicamente de cantar, dançar, abraçar, cantar, dançar, abraçar e fazer colagens.
Porém, existe um Troll diferente: o Tronco! Ele é cinza, não gosta de dançar, abraçar e muito menos cantar. Por conta disso, ninguém interage muito com ele, exceto a Poppy, que é a mais alegre dos Trolls. Ela é admirada e amada por todos e meio que líder deles.
A primeira percepção que tenho e, que talvez as crianças não entendam, é que Tronco possui algumas características de pessoas ansiosas. Ele planeja tudo com bastante antecedência e é muito prevenido. Por exemplo, ele tinha um estoque de comida que manteria ele vivo por pelo menos 10 anos em caso de ataque dos Bergens. Já a Poppy têm características de pessoas impulsivas e destemidas. Quando ela foi salvar os amigos dela, ela não tinha um plano, ela só tinha um objetivo, mas não fazia ideia de como atingir esse objetivo. Já o Tronco, que foi ajudá-la nessa missão, já tinha tudo planejado de como atingir esse objetivo.
Tronco era mal humorado, sarcástico, ranzinza, gostava de ficar sozinho, não gostava de abraços, cantorias e danças, não gostava de ficar perto de pessoas alegres e contentes o tempo todo. Vamos combinar que, pessoas que aparentam estar sempre felizes e radiantes não necessariamente estão, pois todos nós temos emoções básicas que incluem raiva, medo e tristeza, como já nos explicou o filme Divertidamente. Pessoas que estão alegres 24h por dia, 7 dias na semana não me parecem muito humanas.
Mas, nós vemos no decorrer do filme que Tronco não é do jeito que é por nada. Ele não nasceu assim, ele acabou ficando assim em decorrência de situações ruins que aconteceram na vida dele. Quem nunca passou por situações difíceis na vida? Situações que te deixaram frustrada, decepcionada, achando que o mundo estava contra você? Por isso, muitas pessoas podem se conectar facilmente com o personagem Tronco. Muitas pessoas podem se enxergar nele em alguns momentos da vida ou podem até ser iguaizinhas a ele. Pessoas depressivas, ansiosas ou com problemas de socialização podem apresentar essas características. Será que crianças pescaram isso no filme? Acredito que não.
O filme dá uma reviravolta e vemos Poppy, a mais alegre dos Trolls, ficando triste. É uma das cenas mais emocionantes do filme e mais reais, que mostram justamente alguém perdendo suas cores e ficando cinza, triste, sem brilho, sem ânimo e, sem vida. Isso acontece quando nos decepcionamos e perdemos a esperança que as coisa vão se ajeitar. Nessa cena, Poppy diz a Tronco que ele estava certo, que “a vida não é feita só de bolinhos e arco-íris”. E, de verdade, a vida não é. Passamos por maus e bons momentos. A alegria não dura para sempre, mas a tristeza também não.
Mas quem está lá para animar Poppy? O nosso personagem ranzinza favorito: o Tronco! E essa sim é a cena mais emocionante do filme. Tronco canta para Poppy uma versão da música True Colors, famosa na voz de Cyndi Lauper. Vocês já prestaram atenção na letra dessa música? Se nunca prestaram, vale a pena ler cada frase dela e sentí-la. Veja que cena linda e emocionante.
Poppy, em diferentes momentos do filme, ofereceu abraços ao Tronco e ele não quis, não gostava. Dessa vez, ele que ofereceu um abraço para ela, e ela nem se mexeu para abraçá-lo. Estava realmente triste.
E a música tem tudo a ver com a história e com a mensagem principal do filme. A mensagem de que todos nós podemos e devemos ser felizes, que a felicidade está dentro de nós e, que às vezes, a gente só precisa de um empurrãozinho de alguém para nos ajudar a achá-la. Às vezes a gente só precisa de alguém que veja nossas cores verdadeiras por de trás daquele momento cinza que estamos passando, como diz a música. A gente só precisa de alguém que acredite na gente, acredite no nosso potencial. E o Tronco acreditava na Poppy e conhecia a verdadeira Poppy.
Além de mostrar cenas em que podemos fazer analogias que envolvem depressão, ansiedade, baixa auto estima, ainda podemos fazer uma analogia com os vilões do filme, os Bergens.
Os Bergens são os seres mais infelizes do mundo no filme. Esses seres só conseguem sentir um pouquinho de felicidade quando engolem adivinha o que? Um Troll! Sem fazer isso, os Bergens são condenados a tristeza eterna. Qual analogia podemos fazer com essa situação? Muitas vezes achamos que precisamos de uma pílula da felicidade, um remédio que vá nos fazer felizes. Às vezes essa pílula é uma comida, como o chocolate. Às vezes ela pode ser algo mais perigoso, como uma droga. Só que, assim como no filme, depois que o “efeito” passa, você fica triste de novo.
Mas, no filme, os Bergens também aprendem com a nossa líder Poppy que a felicidade está dentro de nós e que não precisamos de remédios, chocolates ou drogas para sermos felizes.
Dito isso tudo, vocês ainda acham que animação é filme de criança? Não ou claro que não?
Digam nos comentários as opiniões de vocês!
Até a próxima!
Muito bom 🙂